• Rio de Janeiro, 18/05/2025
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Sérgio Cabral

Políticas públicas identitárias

Foto: Divulgação
Políticas públicas identitárias Políticas identitárias visam a moldar ações de agentes públicos e privados para que determinados grupos tenham suas reivindicações atendidas e ganhem visibilidade social.

Tenho ouvido de muitos jornalistas, profissionais de pesquisa de opinião pública, gente da academia e políticos, que há uma insatisfação no ar com as políticas identitárias do governo Lula.

Discordo frontalmente!!

Governo que não tem coragem de reconhecer as injustiças históricas e permanentes com segmentos da nossa população é governo que não olha para todos.

A questão do racismo, por exemplo. Como não enfrentá-la? Como não reconhecer que o Brasil é um país com a mentalidade racista incrustada em nossa sociedade?

Pessoas negras quando frequentam ambientes da classe média alta e da elite sentem os olhares críticos e curiosos por alterar o visual do ambiente, acostumadas apenas com pessoas brancas. Quando não são destratadas de maneira implícita ou explícita.

Pessoas homossexuais e trans são vítimas de preconceito e, muitas vezes, sofrem agressões físicas de psicopatas agressivos e, muitas vezes, mal resolvidos com a sua própria sexualidade ( vejam o filme Beleza Americana).

Indígenas são tratados como seres de segunda classe e esmagados em suas aldeias por vigaristas que tentam explorar suas terras, por achar que eles não têm direito a áreas protegidas onde podem cultuar, cultivar e florescer seus hábitos e forma de viver.

Para enfrentar essa parte da sociedade, segregadora e preconceituosa, só há uma forma: políticas públicas afirmativas.

Meus dois mandatos de governador deram luz a essas questões. Enfrentamos políticos atrasados e preconceituosos. Muitas vezes essa turma vaticinava que eu teria desgastes políticos. Que, por exemplo, os cristãos mais conservadores não votariam em mim.

Nada disso! Ganhei minhas eleições para deputado, senador e governador com políticas afirmativas e inéditas no Brasil. Como a inovação das cotas raciais nas universidades estaduais, as primeiras cotas raciais em concurso público, o programa Rio Sem Homofobia, e o apoio aos quilombos e às poucas tribos indígenas em nosso estado, com a regularização fundiária e apoio material.

Estou lendo o livro "Castas, As Origens de Nosso Mal-Estar", de Isabel Wilkerson, vencedora do prestigiado prêmio Pulitzer. Ali você compreende a construção da sociedade apartada norte-americana. Se você, além de ler esse livro, se debruçar na trilogia "Escravidão" do jornalista e historiador Laurentino Gomes, sairá melhor e mais bem informado sobre as barbáries ao povo preto, cometidas nas Américas.

Por que invocar a moralidade e o tema família para julgar e condenar homossexuais, trans, etc? O que tem a ver a opção sexual da pessoa, como ela vive e os valores da família? Como definir o que é uma família? Quem tem essa autoridade? Ninguém!!!

Esses temas têm contaminado a luta pelo poder. De maneira distorcida e covarde. Mas sou otimista e acredito que o Brasil avança nesses e outros temas tão importantes como a barbaridade, infelizmente ainda cotidiana, contra as mulheres. Todo dia em todos os cantos do país, há casos de covardia e brutalidade de homens covardes e cruéis que batem em suas companheiras, as inibem e as constrangem caso não estejam de acordo com seus desejos de padrão de comportamento. Tenho muito orgulho de ter sido o governador que mais abriu delegacias das mulheres no estado do Rio de Janeiro.

Enfim, políticas identitárias não são incompatíveis com as demais políticas públicas do governo brasileiro. Ao contrário! Elas são complementares e fazem o país se tornar mais próspero, solidário e humano.

*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho



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