• Rio de Janeiro, 03/07/2025
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Sérgio Cabral

Lygia Santos

Foto: Arquivo pessoal
Lygia Santos Sérgio Cabral e Lygia Santos

Ontem, domingo, caminhava pelo Jardim Botânico. Um dos melhores programas do Rio. Esplendor da natureza bem cuidado, com uma flora espetacular e uma fauna que nos surpreende. Tudo muito bem gerido por dedicados funcionários.

Pois lá estava na caminhada, quando recebo uma ligação da minha amiga e ex-mulher, Susana, me informando que havia morrido Lygia Santos. Não podia estar em lugar mais apropriado para receber essa notícia. Lygia representou muito na minha vida. Estar ali, em meio à natureza, me fez reviver na memória as décadas de convívio com muito amor envolvido.

Lygia Santos foi uma intelectual militante da cultura brasileira. Lygia Santos foi professora formada pelo Instituto de Educação, advogada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, e museóloga pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UniRio, pesquisadora da música popular brasileira, autora da biografia de Paulo da Portela, fundador da Portela; participou durante décadas, como jurada, do prêmio Estandarte de Ouro. Em sua casa havia rodas de samba e de chorinho onde podia-se encontrar João Nogueira, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Fundo de Quintal, Luiz Carlos da Vila, Rafael Rabello, Joel do Bandolim, entre tantas outras feras. Nesse ambiente fui criado. Passava dias e semanas em sua casa, em Copacabana, e depois na Tijuca, muitas vezes com meu amigo Didu Nogueira, cantor e compositor, autor de um belo samba "Na casa de Lygia Santos". Aliás, minha família chegou a morar com ela e sua filha Márcia, por dois meses, quando voltamos de São Paulo no fim de 1972, após a prisão de meu pai e de toda a turma do jornal O Pasquim, pela ditadura.

Filha do compositor e cantor Donga, autor do primeiro samba gravado no Brasil, "Pelo telefone" e um dos membros, junto com Pixinguinha, do antológico conjunto Oito Batutas, e da soprano Zaíra de Oliveira, prestigiada artista da música clássica, admirada por Villa-Lobos. Lygia era amada por todos. Há onze anos foi acometida da doença de Alzheimer, a mesma de meu pai. Morreu, ontem,aos 91 anos. Mas viveu e muito bem! Cercada pelo amor de seus amigos, de sua filha Márcia Zaíra, querida amiga, de seu neto Felipe, músico competente, e de seu bisneto Gabriel.

Lygia abraçou comigo a causa do idoso, no final dos anos 80. Presidiu o Clube da Maior Idade, entidade que criamos na época, responsável por eventos e viagens que propiciaram a milhares de pessoas da terceira idade uma outra qualidade de vida.

Lygia teve um papel fundamental na minha formação. A ela, o meu amor, a minha gratidão e a saudade.

*Jornalista. Instagram:

@sergiocabral_filho



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