Sérgio Cabral
Guerra no xadrez tenso do Oriente Médio

"Não há vitoriosos em uma guerra, todos saem derrotados". A frase do maior humanista do primeiro um quarto do século XXI, o Papa Francisco, ganha enorme dimensão com os últimos fatos internacionais.
Entretanto, é o que temos no momento. E com a entrada do país mais poderoso do planeta diretamente no confronto, ao atacar as bases do Irã de enriquecimento de urânio, que trabalha há anos para a conquista de um arsenal nuclear.
No xadrez tenso do Oriente Médio, o Irã calculou mal sua estratégia de enfraquecer e atacar Israel. E não foi nessa ou nas semanas anteriores. Sete de outubro de 2023 marca o início da estratégia equivocada iraniana. Nas primeiras horas daquele dia, os terroristas do Hamas invadiram Israel e lançaram milhares de foguetes em um ataque sem precedentes; mataram mais de 1,2 mil pessoas - entre as vítimas, mulheres, crianças e idosos - e sequestraram mais de 250 reféns.
O patrocinador do Hamas é o Irã. Sem a anuência dos líderes xiitas iranianos, jamais o Hamas faria aquele ataque bárbaro. Da mesma maneira o Hezbolah não reagiria com ataques sucessivos ao norte israelense sem a aprovação e estímulo do Irã.
Desde 1979, o Irã é comandado por fundamentalistas autoritários que esmagam a liberdade e a criatividade do povo iraniano. A Pérsia, atual Irã, é uma das civilizações que mais contribuíram para a evolução da civilização humana. Esse povo maravilhoso, que produz um cinema de qualidade, entre tantos atributos positivos, vive, desde 79, o obscurantismo e a ditadura de uma teocracia. Uma religião acima do estado. Graças, principalmente, ao petróleo produzido no país, cerca de 4 milhões de barris/dia, o regime se sustenta. A China é a grande compradora do petróleo iraniano.
A população iraniana passa de 80 milhões de habitantes. Há um movimento de oposição ao regime com forte presença nas universidades e entre profissionais liberais que já não aguentam o autoritarismo do regime xiita.
A Rússia é a patrocinadora científica da busca do governo iraniano pela bomba nuclear. Segundo as informações divulgadas pela imprensa, são mais de 300 cientistas russos que trabalham nas bases nucleares iranianas. Porém, improvável que o governo de Putin aja em solidariedade militar ao Irã. A Rússia anda muito ocupada na sua insana guerra de invasão à Ucrânia.
A China jamais se envolverá nesse conflito.
Israel, a partir da invasão bárbara de outubro de 2023, pelo sanguinário Hamas, reagiu com força e determinação. E enxergou desde o início que o grande patrocinador do terror teria que ser enfrentado: o Irã. A queda de Bashar al-Assad, na Síria, foi mais uma peça vitoriosa na estratégia de esmagamento dos radicais xiitas. O Hamas e o Hezbolah estão esfacelados pelo exército israelense.
Torço para que o povo iraniano reaja e derrube a ditadura do seu país. Como também para que os radicais religiosos, sejam eles islâmicos, cristãos ou judeus, percam espaço em seus países e que prevaleça o milagre da democracia no Oriente Médio. Hoje, é fato, Israel é o único exemplo democrático na região.
*Jornalista. Instagram:
@sergiocabral_filho
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