• Rio de Janeiro, 03/07/2025
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Luiz Paulo

O desafio de aprofundar o debate político em tempos de "lacração".

Foto: Sherlon Cherene
O desafio de aprofundar o debate político em tempos de

O parlamento sempre foi um espaço de divergência, de debates legítimos e, muitas vezes, de discussões acaloradas. É parte essencial da democracia que os representantes do povo exponham visões, defendam ideias e proponham soluções para os problemas da sociedade. No entanto, atualmente, o debate político tem sido, em grande parte, substituído por encenações roteirizadas com um único objetivo: gerar conteúdo para redes sociais. 

Não é raro vermos discursos inflamados que pouco ou nada impactam a vida do cidadão. São falas frequentemente pré-moldadas para serem transformadas em vídeos curtos, estrategicamente editados, com o objetivo de criar a ilusão de uma atuação combativa. Enquanto isso, os problemas reais permanecem sem resposta. Nesse cenário, os extremos ganham espaço e o bom senso, muitas vezes, é sacrificado em nome da viralização. O infortúnio? “Likes” não resolvem os problemas públicos.

Desde o meu 1º mandato sou um parlamentar de oposição, mas nunca deixei de trabalhar pelo bem do Estado, com total independência.  Não sou adepto da polêmica gratuita, tampouco de ofensas a adversários políticos ou acusações infundadas. Acredito que divergir de alguém não significa torná-lo inimigo. Boas ideias merecem apoio, venham de onde vierem. Meu compromisso é com a coerência e o interesse público.

O desafio atual é dar visibilidade a um trabalho que se recusa a reduzir o debate público a vídeos de menos de um minuto. Como fazer com que a sociedade fluminense se coloque acima das frases de efeito e perceba a complexidade dos grandes temas do Estado? Como promover a compreensão quando é mais fácil aderir ao discurso simplista?

Deixo claro: não sou avesso à tecnologia — ao contrário, sou um entusiasta das novas ferramentas de comunicação, inclusive a Inteligência Artificial -IA. Acredito que elas podem aproximar o cidadão do conhecimento, da política, ampliar a transparência e fortalecer a democracia. Busco, diariamente, adaptar-me aos novos tempos, entretanto não há que se admitir que as redes sociais se tornem um fim em si mesmas. Elas devem servir como instrumento de aprimoramento e divulgação do trabalho parlamentar, de ampliação da participação popular e de ampliação das políticas públicas.

Por isso, é fundamental encontrarmos o equilíbrio entre a promoção pessoal — que, reconheço, é necessária a qualquer político — e a urgência de aprofundar o debate público e as ações que gerem benefícios para a sociedade. É fundamental se resgatar a essência da atividade parlamentar: o compromisso com a verdade, com o trabalho sério e com o bem comum.

Somente assim a comunicação política contemporânea deixará de ser um simples "filtro" que encobre a ausência de resultados e passará a ser uma ferramenta capaz de iluminar ações concretas e relevantes, em uma atuação que busca ser, de fato, um instrumento de transformação social.




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