Deputado Estadual Luiz Paulo
O que fazer diante do tarifaço americano?

Por Luiz Paulo, deputado estadual(PSD)
Em tempos de crise, é preciso mais doque discursos: é preciso direção, responsabilidade e ação. A decisão dosEstados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partirde 1º de agosto de 2025 é mais do que um revés econômico, é um ataque direto àlógica do livre mercado que eles próprios sempre defenderam. E é também umaameaça à soberania econômica do Brasil.
A história nos oferece paralelos. Noinício do século XX, Vladimir Lênin escreveu "O que fazer?",criticando a visão reducionista de que a luta socialista deveria se limitar àesfera econômica. Para ele, a luta política era essencial. Décadas depois,Milton Friedman molda o sonho "liberal" americano e participa dogoverno do ultraliberal Ronald Reagan. Torna-se famoso entre outras coisas pelomonólogo: "A história de um lápis". Onde ele explica que o nossomundo está interligado. Um simples lápis é uma peça brilhante do comércioglobal, resultado de uma cadeia produtiva que atravessa continentes, envolve dezenasde setores e mostra como o mundo funciona em colaboração, sem que ninguémcontrole tudo. Trump ignora isso totalmente esquecendo que os países não sãoadversários, mas colabores em conjunto da sua própria economia. Estaria o EUAadotando a Teoria Leninista de que a luta política é essencial, não acredito.Entretanto, paradoxalmente, vemos os Estados Unidos, bastião do liberalismoeconômico, adotando posturas protecionistas, que contradizem frontalmente osprincípios que sempre propagaram.
A política do atual presidente americanoé sintetizada na frase: “Faço porque eu posso” que escancara um autoritarismodisfarçado de pragmatismo. Sob esse lema, o Brasil foi punido injustamente comum tarifaço que terá efeitos devastadores sobre nossa economia, sobretudo emsetores estratégicos como o agronegócio, a indústria aeronáutica, a siderurgiae o refino de petróleo.
O que faremos com 77 mil toneladas defrutas que seriam exportadas aos EUA? O que acontecerá com os aviões daEmbraer, com o aço das siderúrgicas fluminenses, com os derivados de petróleorefinados no Estado do Rio de Janeiro? O prejuízo é concreto e imediato. Masnão podemos nos paralisar.
A resposta precisa ser coordenada,estratégica e firme. O Brasil deve acionar os canais diplomáticos, recorrer àOrganização Mundial do Comércio (OMC) e, sobretudo, diversificar seus mercados.Não podemos continuar dependentes de um parceiro comercial que impõe suasregras com unilateralismo e desprezo por acordos internacionais.
No plano interno, é hora de unir forças.Governo federal, estados, Congresso Nacional, setor produtivo, trabalhadores esociedade civil precisam agir em defesa do interesse nacional. Essa crise nosimpõe uma agenda urgente: reorganizar nossa economia, preservar nossosempregos, garantir renda e proteger nossa soberania.
No caso específico do Estado do Rio deJaneiro, a situação é ainda mais delicada. O Congresso ainda não votou os vetosao PROPAG, o que mantém um buraco orçamentário superior a R$ 10 bilhões para2026. A esperada queda de arrecadação do ICMS, somada ao provável aumento dodesemprego, agrava um cenário que já é frágil.
Diante disso, soa irresponsávelantecipar o debate eleitoral de 2026. A prioridade nacional agora é outra:enfrentar uma crise comercial grave e proteger os interesses do país. Não éhora de disputa política, mas de racionalidade e união.
Reerguer a economia, reagir cominteligência e proteger o Brasil de políticas predatórias deve ser o nossocompromisso imediato. O futuro do país não pode esperar.
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