• Rio de Janeiro, 01/09/2025
  • A +
  • A -

Sérgio Cabral

Duas joias da cultura

Localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, o Theatro Municipal tem o seu projeto arquitetônico inspirado na Ópera de Paris e é uma das joias da cultura brasileira.
Duas joias da cultura Foto: Divulgação/Riotur

Nesses tempos áridos e controversos, abordo um tema que se mais valorizado nos faria melhor: cultura. Aqui no Rio há duas joias da cultura brasileira localizadas no centro da cidade do Rio de Janeiro e que pertencem à rede de cultura do governo do estado: o Theatro Municipal e a Sala Cecília Meirelles.

O Theatro Municipal foi inaugurado em 1909. O projeto arquitetônico foi inspirado na Ópera de Paris, de Charles Garnier. O Theatro, quando assumi, em 2007, estava mal tratado. Goteiras, banheiros precários, poltronas quebradas e com estofado poído, palco precarizado e obras de arte em mau estado. Demos início a extensas obras no Theatro que foi totalmente restaurado ao estilo original. Cerca de 250 operários trabalharam durante quase três anos nas obras do prédio. O palco recebeu um elevador para o piano (para evitar que a peça destoe) e todos os equipamentos usados no cenário passaram a ser controlados por um software instalado pela mesma empresa austríaca que equipou o Teatro La Fenice, em Veneza, e o Staatsoper, em Berlim.

O Theatro conta com excelentes Corpo de Baile, Coro e Orquestra, além da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa. Foram restauradas todas as obras de arte do Municipal. A descoberta chocante da equipe restauradora foi a do friso sobre o proscênio original, escondido num vão entre duas paredes acima da boca de cena! Pintado em Paris por Eliseu Visconti, em 1907. Os historiadores acreditavam que a pintura teria sido destruída ao ser substituída por Visconti em 1936 quando, por força do alargamento do palco, um novo friso lhe foi encomendado.

O Theatro reabriu com 219 mil folhas de ouro e 57 toneladas de cobre, além de 1 500 novas luminárias com mais de cinco mil lâmpadas, em 2010. A Sala Cecília Meirelles foi inaugurada em 1965, durante as comemorações do IV Centenário da cidade do Rio, pelo então governador da Guanabara ( que nada mais era do que a atual cidade do Rio) Carlos Lacerda. Ele desapropriou o imóvel onde funcionava até 1961 um cinema e homenageou a poetisa e pianista Cecília Meireles. Esse foi o nascimento oficial da sala de concertos.

Da mesma maneira que o Theatro Municipal, meu governo se deparou com a Sala Cecília Meirelles em péssimo estado. Fizemos grandes Intervenções no reforço estrutural, criamos acessibilidade plena, restauramos a fachada, implementamos um projeto acústico de alto padrão, reestruturamos os espaços sociais e construímos anexos funcionais. Instalamos elevadores, rampas, banheiros acessíveis em todos os andares; construímos mezanino com café, bombonière, a bilheteria repensada e criamos maior circulação interna.

Construímos o Auditório Guiomar Novaes, com capacidade para 150 pessoas, e o Espaço Ayres de Andrade, que funciona como foyer ou área de convivência. A acústica da Sala Cecília Meirelles passou a ser considerada equivalente ou superior a importantes casas internacionais, como o Carnegie Hall e o Wigmore Hall. O espaço acústico se tornou referência internacional com design contemporâneo e conforto para o público e artistas. Em 2014, a Sala Cecília Meirelles foi reinaugurada.

Tenho muito amor por esses dois patrimônios culturais do estado do Rio e do Brasil. E como qualquer equipamento público ou privado, a boa manutenção e a boa gestão são a chave da perenidade.


*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho



COMENTÁRIOS

LEIA TAMBÉM

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.