Sérgio Cabral
Controle territorial

"O único aplicativo de viagens de carro e moto que passa pela barricada e te deixa na porta de casa."
Esse era o slogan do serviço virtual montado pelo tráfico de drogas na Vila Kennedy, comunidade da zona oeste da cidade do Rio, e desbaratado pela polícia civil na semana passada.
Acompanhamos diariamente guerras pelo mundo afora nas quais o objetivo central é o domínio e o controle territorial. Mas, infelizmente, temos em nosso estado a expansão diária do poder paralelo, em detrimento do poder público, em favelas e bairros de uma maneira como nunca visto em nossa história.
Sendo que não satisfeitos com o controle físico, agora expandem suas atividades ilícitas para o controle virtual.
A Vila Kennedy foi a 38ª e última Unidade de Polícia Pacificadora inaugurada pelo meu governo, em 2014. Infelizmente, de lá pra cá só vi o desmantelamento de toda a política de segurança pública estruturada durante meus 8 anos de governo.
A política de pacificação de territórios foi decorrência de uma série de medidas anteriores que tomamos na pasta da segurança pública.
A despolitização radical em todas as escolhas e decisões internas das polícias militar e civil. Nunca recebi e, muito menos atendi, durante meus 8 anos de governo, uma indicação política para o comando das polícias, para o comando de delegacias ou batalhões. Reajustei os salários de nossos profissionais da segurança, dividi o estado em RISPs e AISPs, regiões e áreas integradas de segurança pública, respectivamente. Implementei uma política de bonificação semestral a todos os policiais civis e militares nas regiões e áreas que alcançassem as metas de redução de índices criminais estabelecidos. Todos recebiam o mesmo valor do bônus, independente do grau hierárquico na instituição.
Criamos o RAS, Regime Adicional por Serviço, e o Proeis, Programa Estadual de Integração na Segurança. Instrumentos que geravam maior presença da polícia em todas regiões do estado.
Inauguramos a Cidade da Polícia Civil e o Centro Integrado de Comando e Controle, o CICC. Comprávamos a frota da polícia militar por sistema de leasing com a manutenção terceirizada pela maior empresa de logística rodoviária da América Latina, a JSL, Júlio Simões Logística. Assinamos com a FGV parcerias para a qualificação pós graduação de nossos profissionais da segurança.
Durante nosso período a polícia era respeitada e integrada com as comunidades pacificadas. Além da sua presença, havia uma política transversal de cidadania. Da educação ao esporte, da geração de empregos às obras de infraestrutura.
Enfim, o que desejo transmitir aos que acompanham angustiados a incessante tomada de territórios pelo crime organizado, é que há caminhos e soluções para que o nosso povo pare de sofrer com a barbárie.
*Jornalista. Instagram:
sergiocabral_filho
COMENTÁRIOS