• Rio de Janeiro, 01/09/2025
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Jackson Vasconcelos

A estupidez! 

(“Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio, e eu moverei o mundo” - Arquimedes). Alguém acredita que é possível fazer o mesmo com a política. Eis a razão da confusão armada no Brasil 

Tem gente que chegou a acreditar que as Forças Armadas eram o ponto de apoio. Agora há quem veja o Presidente Donald Trump nessa posição.

A estupidez não ataca só pessoas com baixa capacidade intelectual. Ela é sutil, insidiosa e coletiva. Age como um vírus que se espalha por meio da cultura de um povo.  A pessoa estúpida deixa de agir a partir da própria razão e adota a lógica do grupo ao qual pertence. Ela compra o que dizem que é bom; indigna-se com o que dizem ser escandaloso e vota conforme os rótulos que aprendeu.

“Malatesta mostrava que a melhor maneira de sujeitar um povo consiste em lhe dar a ilusão de que participa das decisões”, a frase está no livro A Falência da Política, uma coletânea de artigos do comunista gaúcho Maurício Tragtenberg. Boa obra. 

Há como participar, de fato, das decisões dos agentes do Estado? No grito, com impropérios de todo tipo? Uma ilusão! Com manifestações populares, organizadas para dar voz aos discursos de gente que berra e quer aparecer dizendo baboseiras e frases de efeito? Ilusão! Com a demonstração de revolta com a punição dada pela Justiça a um ex-presidente, como ocorreu em 2018 e acontece, novamente ? Ilusão. 

O exercício do voto é o instrumento de participação nas decisões dos agentes do Estado. É a essência da democracia. É a ferramenta de pressão à disposição do povo. Quando os agentes do Estado tiram do povo a liberdade de escolha e de voto, justifica-se a pressão por outros meios. Já tivemos isso no Brasil em tempo não tão longe e fomos às ruas para exigir o direito de votar. E dizemos que isso não nos era suficiente sem uma nova Constituição e nós a fizemos a muitas mãos e ela está aí. 

No próximo ano teremos eleições e uma pergunta deve acompanhar as campanhas e as escolhas: você, eleitor, ainda pensa por si mesmo, ou apenas acredita que pensa? O compartilhar indignações nas redes não prova que você esteja, de fato, exercendo o poder. Criar posts indignados não faz você parte da decisão. Não! Pode ser que você esteja sendo movido por uma força invisível que faz de você um marionete de um grupo ou sistema. 

Vencemos a ditadura algumas vezes ao longo da história e precisamos ter cuidado com o risco de que ela volte pela renúncia à capacidade que tem cada um de pensar e agir de acordo com a própria consciência. No ambiente das eleições, vê-se indivíduos que se acreditam críticos, quando só interpretam um roteiro escrito por terceiros e navegam com slogans arrumados pelo marketing eleitoral. 

É hora de ser adulto. O povo brasileiro pode seguir cuidando de seus próprios problemas como fez outras vezes. Os constituintes criaram uma Constituição capaz de dar solução ao caos institucional que estamos vivendo e ela nos autoriza a não tomar o tempo do Presidente dos Estados Unidos. Se há algo errado com o STF, que dele cuide o Senado Federal. Se nada de errado existe, então que o Senado Federal deixe isso bem claro para a população brasileira. E se o Senado não cumpre o papel que lhe cabe, que o povo substitua os senadores. E um bom momento para isso será a eleição do próximo ano, pois dois terços das vagas serão disputadas. Então, que cada um brasileiro se organize para votar sem precisar do aval do Presidente dos Estados Unidos ou do socorro das Forças Armadas.



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